sábado, 9 de fevereiro de 2008

Polícia prende suspeito do Bonde em Botafogo

MARCELO NEGREIROS


(04/12/2007)


Um dos suspeitos de participar da quadrilha que resultou na morte da professora Vitória Lúcia Marques, de 55 anos e deixou o Padre Frank Luis Franciscatto, de 41 anos, ferido, durante um bonde em Botafogo, na noite de domingo, foi preso ontem.
O motoboy Magno de Oliveira Paiva, de 27 anos, morador da Ladeira dos Tabajaras, teve a prisão temporária de 30 dias, decretada após comparecer a 12ª DP (Copacabana), no domingo para registrar o roubo de seu tempra, placa HRA 7711.
Segundo a polícia, o suspeito teria se apresentado como vítima do bando na delegacia, onde afirmou ter sido abordado por um homem armado com uma pistola às 21h10m de domingo. Ele contou que depois de deixar a namorada em casa, em Copacabana, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, saiu do carro e três assaltantes assumiram a direção do veículo fugindo em seguida.
A polícia, no entanto, constatou haver contradição no depoimento do suspeito e nos horários, uma vez que o tempra, que está com a documentação irregular, foi abandonado em Botafogo por volta das 20h30m.
Uma testemunha que reconheceu Magno relatou a polícia que ele estava de posse de um fuzil e com três elementos, isto identifica a ligação com o tráfico.
Outra versão contada por ele, é que emprestou seu carro para um amigo, chamado Marcos, também morador da Ladeira dos Tabajaras, e que trabalha em uma farmácia, mas não soube dizer para qual finalidade. Relatou que não teve nenhum vínculo com o bonde e consequentemente com o crime.
“Só o fato de ele ter emprestado o carro, ele colaborou com o fato”, disse o delegado Eduardo Baptista, frisando que o depoimento dado por Magno é totalmente mentiroso. A investigação está sendo realizada, a polícia já tem pistas dos outros suspeitos, mas prefere não revelar o que será feito.
Segundo Eduardo, o bando estava transportando armas dentro do carro, quando o pneu furou. “Eles precisavam fugir dali, foi quando abandonaram o carro, roubando outro para seguir para a favela”. Primeiro eles abordaram o taxista José Maria Teixeira Lopes, de 54 anos, mas o carro não foi levado.
Depois foi a vez do Peugeot 307 do administrador chinês Chab Chen Yu, de 42 anos, que estava com a esposa e os dois filhos, ser roubado. Os assaltantes seguiram com o Peugeot pelo Aterro do Flamengo, em direção ao Centro. Novamente o pneu furou e policiais militares viram a faísca da roda em atrito com o asfalto e ao se aproximarem, os ocupantes do carro abriram fogo. Após troca de tiros com os policiais, o Peugeot foi abandonado e os criminosos atravessaram a pista, roubando mais um carro, um táxi Maréa.
O circuito de câmeras de um centro comercial flagrou os roubos e o momento qm que o bando ainda tentou interceptar o carro do padre. As cenas, que foram exibidas para a imprensa, mostram os homens fortemente armados e o padre quase atropelando um dos assaltantes.
Mesmo baleado, o religioso dirigiu por cerca de 150 metros, até bater em um poste. O incêndio no carro foi provocado por tiros que atingiram o tanque de gasolina ou a parte elétrica.
O delegado irá trabalhar em cima das provas e policiais estão na rua, em busca de mais provas. O foco da investigação é em cima da morte da vítima e roubo de veículo. O suspeito responderá pelos crimes de latrocínio, (dois roubos), falsa comunicação no crime e formação de quadrilha, podendo pegar até 15 anos de prisão.


Outra versão para o arrastão

A polícia já identificou os outros criminosos, que são moradores da ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. O tempra teria sido comprado por um traficante conhecido como Mexicano, um dos gerentes do Morro Dona Marta, em Botafogo. Ele é o braço direito do chefe do tráfico da Tabajaras, o Merenda. Há informações de que familiares de Mexicano circulavam no tempra de Magno.
“Não foi arrastão ou falsa blitz. Tudo aconteceu por causa do Tempra, que furou o pneu. Eles precisavam fugir, mas o padre não parou. Foi um fato isolado, mas em um bairro com os melhores colégios e principais representações diplomáticas. Isso abre um precedente grave”, afirmou o delegado.
Um dos mistérios que a polícia tem para desvendar sobre os ataques em Botafogo no último domingo, diz respeito a qual seria o verdadeiro alvo dos bandidos, caso o pneu do Tempra não furasse. A polícia investiga a informação de que um “bonde” poderia ter saído da Ladeira dos Tabajaras para uma suposta tentativa de invasão à Cruzada São Sebastião, comunidade no Leblon que, há cerca de duas semanas, foi invadida por traficantes da Rocinha, da facção Amigos dos Amigos (ADA).
Na ocasião, o homem que controlava as bocas-de-fumo da região, identificado apenas como Dimas, acabou sendo expulso pelo grupo de Gustavo Portela, conhecido como Kengão. A ordem para a invasão partiu de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe da Rocinha.
A comunidade já vinha abrigando alguns bandidos da Cruzada que haviam sido expulsos por Dimas. “Havia um plano da Tabajaras para retomar a Cruzada. Vamos investigar para saber se esse era o objetivo”, disse o delegado.

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