quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Nove feridos em desabamento de prédio no Centro

(MARCELO NEGREIROS)

26/02/2008

Um vazamento de gás causou a explosão de um botijão, na manhã de ontem no prédio de número 95, na Rua Regente Feijó, Centro do Rio, deixando dez pessoas feridas. Dois dos seis andares desabaram e as vítimas foram levadas para o Hospital Souza Aguiar.
Cerca de 8h10, em um prédio misto, com residências e lojas comerciais, um bujão de gás explode na sala 503 do Edifício Baltar, local onde funcionava uma fábrica de bijuterias. O funcionário Renato Santiago dos Santos, de 40 anos, filho de Eduardo Santos, 72 anos, dono da fábrica, usava um maçarico, que é ligado no gás para fazer pressão, na fabricação do material.
Segundo o dono da sala, o gás acabou na segunda-feira e seu filho comprou um novo ontem. A suspeita é que o gás estaria vazando e no momento em que Renato ascendeu o maçarico, causou a explosão, seguida do desabamento. De acordo com a Defesa Civil, não é permitido o uso de botijões dentro de prédios que possuam gás canalizado.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Reynaldo Barros, afirmou que houve negligência dos próprios administradores do prédio. De acordo com ele, a instalação era irregular e deveria ter sido fiscalizada. Eduardo Santos será indiciado e Renato está internado em estado grave, com queimadura em 70% do corpo, traumatismo craniano e fratura no fêmur.
As outras vítimas identificadas como Jedir Veloso, de 68 anos, o zelador Raimundo Ferreira Filho, de 59 anos e Marisete Monteiro da Silva, 39 anos, sofreram traumatismo craniano. Sidney Francisco da Costa, de 65 anos, sofreu fratura na tíbia direita e tornozelo esquerdo e fratura da mão.
Diogo Oliveira Silva, de 24 anos, teve queimaduras diversas, Carla Sueli da Silva Joaquim, de 34 anos, teve fratura na perna direita, Fabiana Ferreira da Silva, de 26 anos, está no centro de tratamento de queimados do hospital do Andaraí, na Zona Norte. Tânia Santiago dos Santos, de 40, também filha do dono da sala e a última a ser retirada dos escombros, está com queimadura de segundo grau.
Segundo o Coronel Bragança da Defesa Civil Estadual, todas as vítimas estavam no quinto e sexto andar. As salas 503, 602 e 603 foram totalmente destruídas. Parte do sexto andar será demolido. Ele informou que somente a perícia do Instituto Carlos Éboli poderá esclarecer o que causou a explosão e desabamento parcial do imóvel que está interditado. – Fomos chamados para avaliar os prejuízos causados pela explosão e garantir a segurança dos pedestres, já que há possibilidade de um novo desabamento -, disse o coronel.
O técnico de prótese, Roberto Martins, que trabalha no terceiro andar do prédio, disse que quando o quinto andar explodiu, uma mulher foi arremessada, caindo em cima do toldo de sua sala. – A porta da sala voou com a explosão e o rebaixamento do teto do quarto caiu. Uma senhora toda ensangüentada estava no corredor e ouvi pessoas pedindo socorro -, disse a moradora do 601, Maria da luz Soares, de 60 anos, que se assustou com o barulho, segundo ela muito forte, e só ficou sabendo do que aconteceu quando desceu e viu toda a movimentação.
Cerca de 60 bombeiros participaram do resgate das vítimas. Uma plataforma móvel e escadas magirus foram usadas para auxiliar os trabalhos. Além disso, algumas pessoas foram voluntárias para ajudar no resgate. A Defesa Civil realizou vistorias e interditou 12 prédios no entorno do imóvel. Técnicos disseram que a explosão causou danos às estruturas vizinhas e possíveis vazamentos de gás podem acontecer. Logo após a tragédia, bombeiros retiraram cinco butijões de dentro do prédio. O cheiro de gás ainda era muito forte no local e havia risco de ter mais materiais explosivos. Operários da Secretaria Municipal de Obras vão derrubar o resto da edificação destruída, que ameaça desabar.

90% dos acidentes têm como causa a má-instalação dos equipamentos

De acordo com a assessoria do Corpo de Bombeiros, a partir do momento em que se manifesta uma fonte de ignição, seja por meio de fósforos, ou qualquer tipo de faísca, pode haver uma pequena explosão. A troca do equipamento – mangueira, válvula e da abraçadeira – que liga o botijão ao fogão materializa o risco de incêndio.
O gás escapa do botijão por causa de um equipamento desgastado. Dos casos de incêndios registrados na cidade, 90% deles são desencadeados por problemas da má-instalação dos equipamentos do botijão de gás. Os usuários devem ser orientados sobre os cuidados com o manuseio adequado dos botijões.
Um dos fatores que amplia os riscos de acidentes são os produtos clandestinos. A recomendação dos bombeiros é para o consumidor só adquirir o botijão de gás e os equipamentos nos revendedores autorizados e cadastrados na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e que tenham certificado pelo Inmetro.Em janeiro, três pessoas morreram, na explosão de uma possível fábrica de fogos que funcionava clandestinamente num sobrado em São Gonçalo.

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