segunda-feira, 19 de maio de 2008

Manifestação contra crise de hospital

(MARCELO NEGREIROS)
16/05/2008


Cerca de 600 alunos de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e residentes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) realizaram na manhã de ontem, uma manifestação contra o abandono em que se encontra o Hospital do Fundão. Eles reivindicaram verbas dos governos federal, estadual e municipal para melhorar as condições da unidade, que tem uma dívida de aproximadamente 10 milhões de reais com fornecedores.
O manifesto se concentrou no portão principal do hospital universitário. Com faixas e cartazes, os manifestantes fizeram uma passeata até a Linha Vermelha. Desde sexta-feira passada, os transplantes de órgãos estão suspensos. Pacientes e professores também participaram da manifestação.
No protesto de ontem, os manifestantes fecharam um trecho da Linha Vermelha, via expressa que liga o centro da cidade à Baixada Fluminense, na altura da Ilha do Fundão, onde está localizado o hospital. A via só foi totalmente liberada por volta das 11h. Das quatro faixas da pista sentido Baixada, duas foram interditadas pelos estudantes. A via chegou a ficar completamente interditada por 10 minutos. Operadores de trânsito da prefeitura e policiais militares do Choque, auxiliaram o trânsito.
Eles exigem que o estado ornamente recursos atualizados e melhores condições para voltar a atender a população. De acordo com os manifestantes, o hospital atua em todas as áreas e é fundamental na formação de profissionais.
- O aprendizado dos alunos requer a prática e o hospital precisa melhorar, pois é um centro de formação, porém estamos enfrentando diversos problemas – disse Felipe Victer, representante dos residentes da unidade. Para Alessandro Grossi, médico residente do 3º ano de cirurgia plástica, o hospital que é uma escola, onde 1.200 alunos de medicina estão prejudicados.
- Queremos mostrar esse problema para trazer a solução. Já chegamos no fundo do poço e a crise está aguda. Achamos melhor mostrar para a sociedade e assim solicitarmos a mudança – declarou o médico.
O diretor geral do HUCHH, Alexandre Pinto Cardoso, ressaltou que as necessidades acadêmicas e assistenciais crescem a cada dia, gerando necessidades de mais pessoas, que também são assumidas pelo Hospital. Ele ainda acrescentou sobre a necessidade de um concurso público urgente para sanar o déficit de pessoal e também o reajuste da tabela de pagamento pelos serviços prestados.
De acordo com o Centro Acadêmico Carlos Chagas (CACC), da UFRJ que relatou a necessidade deste manifesto, é preciso aproveitar este momento de crise, em que todos os alunos, professores, pacientes e familiares, estão revoltados com a situação do HUCFF e começar uma mobilização para fazer pressão no governo, e assim conseguir um financiamento digno do hospital de excelência que o HU é e sempre foi.

Crise no hospital

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), referência nacional em procedimentos de alta complexidade, está passando por um processo de endividamento e sucateamento. A razão da crise é o atraso no repasse de verbas por parte do município e o não reajuste do orçamento desde 2004. Os transplantes estão suspensos após a direção da unidade, afirmar não ter dinheiro nem para os serviços básicos de manutenção.
A unidade enfrenta uma crise desde que os recursos para a manutenção e contratação de pessoal passaram a ser insuficientes, segundo a direção da unidade. Com isso, o resultado é a má conservação do prédio: infiltrações, parte do teto que caiu não foi reposta, equipamentos enferrujados e iluminação precária. No almoxarifado, o material para a realização de exames de sangue só vai durar mais dois dias, segundo a direção.
Cirurgias eletivas só serão realizadas após o médico responsável checar se há insumos, caso contrário o paciente não será internado; só há material para realizar hemogramas (exames de sangue) por mais dois dias; e o serviço de medicina nuclear só tem material radioativo para uma semana, sem esse material não há como funcionar.

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