terça-feira, 29 de abril de 2008

Chefe do tráfico é preso com crachá do PAC

(MARCELO NEGREIROS)

Duas comunidades da Zona Sul sofreram duras ações na manhã de ontem por policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Decod) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Com apoio de homens do 23º BPM (Leblon) e da 14ª DP (Leblon), eles atuaram ao mesmo tempo nos morros do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana e do Cantagalo, em Ipanema, com o objetivo de cumprir dez mandados de prisão contra traficantes, além de mandados de busca e apreensão.
Cinco pessoas foram presas, entre eles o homem que é apontado como o gerente do tráfico no Morro Pavão-Pavãozinho, Adauto do Nascimento Gonçalves, o “Pitbull”, que estava em liberdade condicional desde 2005. Ele foi detido em casa, e trabalhava como vigia nos depósitos de materiais de construção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Durante a ação dos policiais, um local para refinar e embalar a droga foi encontrado no alto do Morro Pavão-Pavãozinho, num lugar conhecido como Quitanda, foi localizada. Foram apreendidos 10 kg de pasta base, produto utilizado para fabricação de cocaína. De acordo com a polícia, nessa refinaria eram processados 25 kg de cocaína por dia, onde a média de produção por mês era de 250 Kg e a droga era distribuída para vários morros da região
Também foram recolhidos um fuzil, uma granada, três pistolas, três fardas do exército e mais de duas mil munições para armas de diversos calibres. Entre os projéteis, estavam balas de festim roubadas durante a gravação do filme “Tropa de Elite” no ano passado no Morro do Chapéu Mangueira.
Segundo o delegado Marcus Vinicius Braga, da Decod, o objetivo foi cumprido, onde um dos chefes da comunidade foi preso e a casa de endolação encontrada.
- Viemos com o objetivo de cumprir 10 mandados de prisão, onde dois são contra outros chefes do tráfico do Cantagalo, conhecidos como Bolão e Juca Bala, que estão sendo procurados pela polícia - disse o delegado. Ele acrescentou que traficantes estariam se infiltrando nas obras do PAC, onde a idéia é se passar por trabalhador.
Cerca de 100 homens participaram da ação realizada na manhã de ontem. Dois helicópteros Águia, um da polícia Civil e outro da Militar, sobrevoaram as comunidades e também para ajudar na retirada de material de endolação que foi encontrado. Os operários da Construtora OAS que trabalham nas obras do PAC na comunidade do Pavão-Pavãozinho, tiveram que interromper o serviço, por questão de segurança, a pedido do delegado da DECOD.
O secretário de segurança do estado, José Mariano Beltrame, afirmou em entrevista que o fato de Pitbull ter antecedentes criminais não o impedia de trabalhar nas obras do PAC, e que no momento em que ele conseguiu o emprego, estava sendo investigado e não era acusado.
-Agora, iremos cruzar os dados de pessoas que trabalham no as obras em comunidades para verificar se existem outras pessoas com mandados de prisão trabalhando, e elas serão presas – contou o secretário, que disse que seria obrigação de quem efetuou o cadastro verificar junto a Secretaria de Segurança a situação criminal dos contratados.

Traficante afirma ter largado crime há um ano


Embora a polícia afirme que possui provas contra Pitbull, inclusive gravações dele negociando drogas há apenas dois dias, Adauto declarou ter largado a gerência do tráfico no Pavão-Pavãozinho um ano atrás, quando foi parado em uma blitz.
-Desde que saí da cadeia em 2005, voltei pro tráfico, e fui detido duas vezes. Na última vez, em abril de 2007, resolvi desistir dessa vida, inclusive por pressão da minha família.
Adauto tem uma filha de seis anos, e contou que conseguiu o emprego no PAC por meio de sua amizade com o presidente da associação de moradores local, Marcos Henrique.
-Fui até a Associação, e falei que queria mudar de vida. Agora, ganhava R$500,00 por mês, mas me sentia melhor, pois se fosse parado pela polícia podia provar que era trabalhador – disse Adauto, que afirmava ganhar R$2 mil na época que gerenciava o tráfico, e com esse dinheiro, reformou a casa da mãe.

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