quinta-feira, 7 de maio de 2009

Violência no Sul do Pará ainda não foi esclarecida


Permanece a incógnita sobre as denúncias de manipulação doepisódio ocorrido na região de Xinguara e Eldorado de Carajás (PA), no dia 18 de abril. A Rede Globo e diversos veículos difundiram a versão da TV Liberal de que profissionais de imprensa foram usados como escudo humano e mantidos emcárcere privado. Já a direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nega e diz que os acampados foram vítimas da violência da segurança daAgropecuária Santa Bárbara.
O Sindicato dos Jornalistas do Pará pediu audiência com a Secretaria de Segurança do Estado para elucidar os fatos. Em nota divulgada no dia 20 de abril, a direção do MST no Pará disse que os acampados foram vítimas da violência da segurança da Agropecuária Santa Bárbara, de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, e que não pretendiam fazera ocupação da sede da fazenda nem fizeram reféns. E foi taxativa: "Nenhum jornalista nem a advogada do grupo foram feitos reféns pelos acampados, que apenas fecharam a PA-150 em protesto pela liberação de três trabalhadoresrurais detidos pelos seguranças.
Os jornalistas permaneceram dentro da sede fazenda por vontade própria". Na nota, há o registro de que os jornalistas que estavam no local "foram levados de avião pela Agropecuária Santa Bárbara, o que demonstra que tinham tramado uma emboscada". Também há denúncia de que os sem-terra foram ameaçados de morte, detalhes da ocorrência, a informação de que nove trabalhadores rurais ficaram feridos e a afirmação de que os sem-terra "apenas fecharam a rodovia emprotesto pela liberação dos três trabalhadores rurais feridos, como sustenta a Polícia Militar".Posteriormente, outros veículos deram destaque à versão sobre a manipulação dos fatos pela grande imprensa. Divulgou-se, inclusive, a informação de que no dia 26 de abril o repórter da TV Liberal, afiliada da TV Globo, Victor Haor, depôs ao delegado de Polícia de Interior do Estado do Pará, negando que os profissionais do jornalismo tivessem sido usados como escudo humano ou mantidos em cárcere privado.
Sem esclarecimentos
Já há alguns dias o Sindicato dos Jornalistas do Pará vem buscando informações que elucidem os fatos. Sheila Faro, presidente da entidade, diz que houve tentativas de localizar e conversar com o repórter Victor Haor. "Mas ele não é sindicalizado, não há identificação de que tenha qualquer tipo de registro profissional e a TV Liberal não nos passou qualquer dado que nos ajudasse alocalizá-lo, impondo dificuldades para o contato", registra. Sheila diz que é corrente nas redações a informação de que os repórteres foram conduzidos até o local por avião disponibilizado pelos dirigentes da Santa Bárbara. "Acho que houve uma grande imaturidade dos profissionais de imprensa, que foram induzidos pelas empresas de comunicação que só se importaram emganhar Ibope", afirma a sindicalista, que já viu repetidas vezes a reportagem transmitida nacionalmente pela Rede Globo. "Como profissionais feitos deescudos humanos ou mantidos em cárcere privado podem ter feito aquelas imagens com tanta liberdade?", questiona.
O Sindicato dos Jornalistas do Pará está tentando agendar uma audiência com o secretário de Segurança do Estado há vários dias, sem sucesso. "É preciso que oórgão de segurança pública preste esclarecimentos à sociedade", cobra Sheila.

Fonte:FENAJ

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