quarta-feira, 6 de maio de 2009

Repórter é agredido enquanto cobria visita do COI ao Rio de Janeiro

O repórter do Estadão Pedro Dantas afirma ter sido agredido e ameaçado por pessoas não uniformizadas que se identificaram como policiais enquanto fazia a cobertura da visita do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao Rio de Janeiro. A agressão ocorreu na estação Cantagalo do Metrô, em Copacabana, no dia 01/05.
Dantas conta que foi abordado por um homem que disse ser policial e, mesmo se identificando como jornalista, foi empurrado para dentro de um banheiro, onde foi imobilizado com uma torção no braço e encostado contra a parede. Outras duas pessoas pegaram sua mochila e revistaram seus pertences.
A apresentação do crachá de identificação não foi suficiente para provar a profissão de Dantas. Um dos agressores teve que confirmar, por meio de telefonema para a Redação, que se tratava realmente de um jornalista.
Após a agressão, em vez de desculpas, o jornalista foi repreendido. Um dos agentes disse que a viagem era apenas para credenciados, além de perguntar onde Dantas morava e se ele era “experiente” na profissão. De acordo com o jornalista, não houve credenciamento para a cobertura.
Além da violência física, o repórter diz ter sido ameaçado momentos antes, durante a viagem do metrô entre as estações Glória e Cantagalo. Dantas conta que ainda na estação de embarque, um agente a paisana dispersou as pessoas que não faziam parte da comitiva, inclusive ele.
Como a sua função na cobertura era ver se a comitiva possuía algum esquema de segurança, não se importou em embarcar em outro vagão. Ele foi acompanhado pelo agente, que se mostrava incomodado com a situação. Para evitar problemas, Dantas de identificou como jornalista, mostrando seu crachá. Então, o agente se disse aliviado e pediu que a matéria não fosse publicada porque poderia “prejudicar a candidatura” carioca à Olimpíada de 2016. Além disso, disse que saberia “muito bem” onde encontrá-lo.
“Foi uma situação constrangedora. Pior que a ameaça foi o cerceamento ao meu trabalho”, disse Dantas.

Repórter tinha "comportamente atípico", diz Metrô


O Metrô Rio, por meio de nota divulgada à imprensa, nega qualquer tipo de violência ou ameaça ao jornalista. A empresa afirma que o repórter foi abordado por seguranças uniformizados devido ao seu “comportamento atípico”.
“A segurança do Metrô Rio notou a presença de uma pessoa sem qualquer identificação, com comportamento atípico. Ao contrário dos demais passageiros, o rapaz subia e descia as escadas trocando de plataformas”, diz a nota.


ANJ condena truculência


A Associação Nacional de Jornais divulgou comunicado condenando a “truculência praticada contra o repórter”.
“Em hipótese alguma a preocupação de transmitir uma imagem positiva da cidade e do país justifica o comportamento dos “seguranças” (à paisana, que se diziam policiais, mas em momento algum se identificaram) que se comportaram como esbirros de regimes ditatoriais”, diz o comunicado.
O repórter registrou o caso na 23ª DP, em Copacabana. Sobre as alegações do Metrô Rio de que não houve agressão, foi enfático: “Vamos aguardar o andamento das investigações”.

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