terça-feira, 1 de julho de 2008

Cultura McWorld

*** Resenha sobre o texto de Benjamin R. Barber, do livro "Por uma outra Comunicação"

Para o autor Benjamin R.Barber, a cultura McWorld, (cultura mundial americana), é menos hostil que indiferente à democracia. O seu objetivo é uma sociedade universal de consumo que não seria composta por pessoas, determinadas tribos, todos, maus clientes potenciais, mas somente por essa nova raça de homens e mulheres que são os consumidores. Essa nova cultura globalizante expulsa do jogo não apenas aqueles que a criticam de um ponto de vista reacionário,mas igualmente aos seus concorrentes democráticos, que sonham com uma sociedade civil internacional constituída de cidadãos livres oriundos das mais variadas culturas”.
McWorld é uma américa que se projeta em um futuro moldado por forças econômicas, tecnológicas e ecológicas que exigem integração e uniformização. Um futuro reunindo todos os países em um vasto parque de temática mundial, colocado totalmente em rede pelas tecnologias da informação, pelas trocas comerciais e pela indústria do espetáculo.

Os bens da nova cultura mundial são tantoas imagens quanto as formas materiais, tanto uam estética quanto uma gama de produtos. É uma cultura reduzida ao estado de mercadoria, em que o hábito faz o monge, em que o look se transforma em uma espécie de ideologias. Os novos produtos são menos os bens do que as imagens, as quais contribuem para criar uma sensibilidade planetária, veiculada por logos, stars, canções, marcas e jingles. As relações de força tornam-se forças de sedução: a ideologia transforma-se em uma espécie de “videologia” à base de sons expressos em bits e de videoclipes.

A videologia é mais fluida que a ideologia política tradicional. Seus valores não são impostos por governos coercitivos ou sistemas educativos autoritários. Eles são transfundidos para a cultura por pseudoprodutos culturais. Os filmes O Rei Leão, Jurassic Park e Titanic não são somente filmes, mas também verdadeiras máquinas de comercializar alimentos, músicas, roupas e brinquedos.

A cultura americana universal McWorld é quase irresistível, onde hambúrgueres e batatas fritas praticamente substituíram as massas e os sushis. Os adolescentes debatem-se com expressões inglesas e o sucesso repentino do Halloween, como nova festa francesa para estimular o comércio no período de marasmo que antecede o Natal. Bem mais verossímil é o cenário de uma nova hegemonia apoiada no poder da informação e da tecnologia e não no volume do produto interno bruto ou do potencial do setor manufatureiro.

É certo que as novas coibições dos mercados são invisíveis, quiçá agradáveis, dotadas de uma retórica aprazível de liberdade de escolha e de liberdade do consumidor. O consumismo mundial faz rondar o perigo de uma sociedade na qual o consumo se transforma na única atividade humana e, portanto, naquilo que define a essência do indivíduo.
Assim, foi instalada uma pretensão delirante de que um mercado, livre de qualquer regulamentação, seria o único meio capaz de produzir e distribuir tudo aquilo que nos importa. Essa pretensão leva algumas pessoas a preconizar a transferência para a esfera do privado de setores tão claramente públicos como a educação, a cultura, o pleno emprego, a proteção social e a sobrevivência dos meios naturais.

O governo que é desmantelado em nosso nome é na realidade a única garantia de nossas liberdades e de nossos interesses comuns. Os mercados não estão aí para realizar o que é incumbência das comunidades democráticas. Eles nos permitem, enquanto consumidores, dizer aos fabricantes o que queremos onde, aliás, permitem antes aos fabricantes, via publicidade e persuasão cultural, nos dizer o que queremos.

Àqueles que dispõem de meios para tanto, o mercado assegura os bens que desejarem, mas não as vidas às quais aspiram; a prosperidade para alguns, o desespero para muitos, e dignidade para ninguém. Mas a pretensa autonomia dos consumidores permite que os mercados mantenham um discurso populista, onde se você não gosta da homogeneidade do McWorld, não culpe os seus criadores, mas seus consumidores.

Como se os cerca de US$ 200 bilhões despendidos nos Estados Unidos em publicidade fossem apenas decoração! Como se os gostos dos consumidores fossem criados a partir de nada! Como se os desejos e as necessidades sobre os quais prosperam os mercados não fossem, eles mesmos, engendrados e moldados por estes mesmos mercados!

Para criar uma demanda mundial de produtos americanos, as necessidades devem ser fabricadas na mesma escala. Para as grandes marcas – Coca-Cola, Malboro, Nike, Hershey, Levi’s ou Mc Donalds -, vender produtos americanos é vender a América, sua cultura popular, sua pretensa prosperidade, seu imaginário e mesmo sua alma. O marketing volta-se tanto para os símbolos quanto para os bens e não visa comercializar produtos, mas estilos de vida e de imagens.

“Antiga economia de bens materiais visava ao corpo; nova economia, de bens imateriais = a cabeça, o espírito; Marketing: comercialização de estilos de vida”. No McWorld, a teoria do pluralismo dos valores e da liberdade é friamente desmentida pela prática. Se não for encontrada uma terceira via entre o Estado e o mercado, talvez sobrevivamos como consumidores, mas não mais existiremos como cidadãos. .

Percebe-se que a cultura McWorld é bastante relacionada ao sistema de cotas, adotados aqui no Brasil, o modelo de inclusão norte americano importado, como conseqüência, também importamos uma cultura norte americana. Trazer exemplos internacionais para uma realidade local é cada vez mais tendência não somente no meio de governos, mas também no meio musical, cultural, artístico, mercado financeiros, etc. Considerada como a nova sociedade mundial, a sociedade-mundo, que é o planeta como um único país.

Esse processo implicaria em uma nova forma de governo: a Política planetária, que, seria a política de solidarizar o planeta através de fundos para a humanidade desfavorecida, sofredora e miserável. Sabe-se que a cultura entra no mercado, se camufla e aos poucos vai digerindo a sociedade, como se fosse uma jibóia com sua presa. Nesse mundo tão globalizado, onde trabalha-se com a questão do indíviduo, do consumidor, podemos pelo menos "escolher o nosso molho". É verdade também que muitas pessoas transferem suas ansiedades para o mercado, para "tapar um pouco os buracos internos". Sabemos também que a culpa não está totalmente no mercado e no consumismo, mas sim no absolutismo do mercado.

Na reflexão do autor Benjamin R. Barber, o objetivo dessa cultura é criar uma grande sociedade de consumo. Se analisar a partir desse ponto, podemos chegar à conclusão básica e rotineira das pessoas. Todos nós somos seduzidos pelos produtos que “prometem” resolver a nossa vida. Mas será que isso ajuda ou apenas chamam a atenção para a sua comercialização? Só não podemos esquecer que somos cidadãos livres com nosso próprio estilo de vida e não apenas consumidores sem limites. Assim, não nos prendemos ao mercado sem ter o retorno do que realmente deseja.

3 comentários:

Anônimo disse...

Reading these kind of posts reminds me of just how technology truly is ubiquitous in this day and age, and I am fairly confident when I say that we have passed the point of no return in our relationship with technology.

I don't mean this in a bad way, of course! Ethical concerns aside... I just hope that as memory gets less expensive, the possibility of transferring our memories onto a digital medium becomes a true reality. It's one of the things I really wish I could encounter in my lifetime.

(Submitted from Nintendo DS running [url=http://cryst4lxbands.livejournal.com/398.html]R4i[/url] N3T)

Anônimo disse...

Boa tarde, Marcelo,

Concordo totalmente que está havendo uma massificação da cultura. No meu blog, eu mostro que já há uma versão nova da cultura McWorld, a cultura FaceWorld que é a associação que o governo do Obama vem tentando fazer com o Facebook. Dá uma lida lá! Sua visita será super bem vinda:

http://pedrovaladares.wordpress.com/2011/04/22/cultura-faceworld/

Caio disse...

Também concordo com isso. E acho que a disney, o McDonald's, MTV são todos ícone dessa cultura estado-unidense.