segunda-feira, 2 de junho de 2008

Novo protesto contra as más condições dos hospitais universitários

MARCELO NEGREIROS
30/05/2008



Cerca de 600 manifestantes, entre estudantes e funcionários da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de médicos e pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, fizeram nova reivindicação na melhoria da unidade na manhã de ontem.. Eles interditaram por quase uma hora a pista sentido Baixada Fluminense da Linha Vermelha, no trecho próximo à Ilha do Fundão, no subúrbio do Rio. Homens do Batalhão do Choque tentaram dissipar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.
O objetivo da manifestação foi protestar contra as más condições de conservação do Hospital Universitário. De acordo com os organizadores, o hospital está passando por um processo de endividamento e sucateamento, onde cirurgias e outros procedimentos estão sendo cancelados por falta de materiais suficientes para atender aos pacientes. A mobilização para exigir que o governo assuma a responsabilidade pelo funcionamento total do hospital é em razão da crise que o HU está passando e o atraso no repasse de verbas por parte do município e o não reajuste do orçamento desde 2004.
Segundo Alexandre Pinto Cardoso, diretor geral do HUCFF, a unidade não tem orçamento próprio e está vivendo de prestação de serviços ao SUS. Atualmente, os pagamentos de todos os insumos são feitos em valores de 2008 e a dívida se encontra em aproximadamente R$ 10 milhões.
- É preciso que os recursos cheguem e atingamos o nosso patamar, nosso objetivo. Precisamos redefinir o funcionamento e financiamento do Hospital e isto é possível. Estamos prestando serviços ao SUS e através desta prestação, vem os recursos que precisamos, como manutenção e serviços internos e a contratação de pessoas terceirizadas – declarou o diretor.
Ele frisou sobre a idéia de tentar revidar essa crise.
- As negociações estão avançando, onde a Secretaria Estadual de Saúde está compreendendo a situação, ampliando a aquisição de novos recursos – complementou Alexandre Pinto.
No último dia 21 de maio, o Diretor Geral do HUCFF se reuniu com o Secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes e anunciou algumas conquistas para o hospital, entre elas o fornecimento de insumos, equipamentos e pagamento de pessoal para atividades como mutirões de cirurgia, inauguração da Neuro UTI e funcionamento 24 horas da Hemodinâmica. Durante a última reunião convocada pela direção geral do HUCFF, realizada dia 27 de maio, Alexandre Pinto Cardoso acenou com a breve possibilidade de retomada do funcionamento normal do hospital: Para ele, a expectativa é de que as atividades sejam retomadas em 10 ou 15 dias.
- Estamos lutando por condições ideais. Por isso, vamos retomar o funcionamento normal com calma, de maneira racional. Sei que é lento, mas o cenário hoje está muito melhor do que estava na semana passada – explicou o Diretor Geral, que ainda disse por que a retomada do funcionamento deverá ser feita com moderação.
- O motivo da crise é que nós expandimos sem ter toda a infra-estrutura necessária e sem estar pactuado. Esta é a discussão que temos que travar - completou. E ressaltou que manter os gastos dentro do plano de contrato pactuado não é a maior dificuldade. A função mais nobre da instituição é o ensino. De acordo com ele, o HUCFF é uma unidade de ensino e precisa ser reconhecida como tal.

Outras manifestações

Simultaneamente, alunos das faculdades de medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), também protestaram contra a falta de investimento do governo nos hospitais universitários da cidade. Os estudantes reclamam, principalmente, das condições precárias dos estabelecimentos, que têm prejudicado o atendimento de pacientes e as aulas. Estudantes de Medicina do Hospital Pedro Ernesto e do Gafrèe e Guinle fizeram a manifestação em frente à estátua do Belini, no Maracanã. Eles reclamaram das péssimas condições de atendimento nas duas unidades. Policiais do 6º BPM (Tijuca) estiveram no local evitando que eles fechassem as ruas. A manifestação deixou o trânsito ruim na Avenida Maracanã.
No último dia 16 de maio, estudantes da UFRJ, médicos e redidentes do hospital interditaram duas das quatro faixas da pista sentido Baixada. Os manifestantes protestaram também contra as más condições de conservação do hospital universitário.

Protesto termina em confronto

O protesto dos estudantes interrompeu o tráfego e terminou em confronto com a polícia na Linha Vermelha. De forma pacifica, os manifestantes sentaram no chão da Linha Vermelha, sentido Baixada, na altura da Ilha do Fundão para protestar. O Batalhão de Choque da Polícia Militar tentou negociar com os eles, que não concordaram e invadiram a via. Duas bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas, causando correria e desespero entre os manifestantes. Mesmo assim, o protesto continuou por mais alguns minutos, mas os organizadores decidiram liberar o trânsito posteriormente. Alguns estudantes ficaram feridos levemente.
- Eles foram covardes, haviam pacientes na manifestação que não poderiam correr e os policiais que estavam presentes para dar a segurança, nos garantiram que nada iria acontecer – disse uma aluna que prefere não ser identificada. Ela ficou intoxicada com a fumaça e com os olhos ardendo.
De acordo com a assessoria da PM, o Choque foi chamado para desobstruir a via. Já os policiais do 17° BPM (Ilha do Governador) disseram que a ordem para lançar o artefato partiu do Choque.

Um comentário:

Anônimo disse...

Incrível como os principais veículos de mídia não dão mta atenção para esses casos. Notícias como esta devem ser divulgadas cada vez mais para q a população faça alguma coisa. Os protestantes estão certos e se as reivindicações gerarem resultados quem ganha mais é o próprio povo do RJ.