segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Lula mira o 3º mandato, o Brasil não






Leiam esta matéria publicada na revista Isto É, desta semana e comentem. Não dá para acreditar!




O presidente nega em público o desejo de permanecer no poder por mais quatro anos, nada faz para deter aliados que querem mudar a Constituição e coloca em risco a estabilidade democráticaPor HUGO STUDART
VISÃO O presidente Lula se arrisca a ver a realidade em 3D, como no filme da Petrobras
Na sexta-feira 26 de outubro, o presidente Lula visitou o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, no Rio de Janeiro. Colocou óculos especiais e assistiu a um filme sobre áreas de petróleo no fundo do mar. As imagens eram projetadas em terceira dimensão, a técnica na qual a platéia tem a ilusão de profundidade. No dia anterior, Lula recebeu o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), seu amigo desde 1969 e secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, quando Lula o presidia. A visita não deveria ter maior importância, assim como o filme da Petrobras. Mas no gabinete presidencial do Palácio do Planalto o que se desenrolava na tarde daquela quintafeira era mais uma cena do enredo do momento em Brasília: o terceiro mandato do presidente Lula.
Como um filme em 3D, esse debate transcorre em múltiplos planos. Em áudio público, o presidente tem sido cristalino, como na comemoração de seus 62 anos numa festinha para militantes petistas em frente ao Palácio da Alvorada: “Esse negócio de achar que tem pessoas que são imprescindíveis e insubstituíveis não existe em política”, disse. “A alternância de poder é uma coisa extremamente importante para o fortalecimento da democracia.” O dia do aniversário foi o mesmo em que ele viu o filme em 3D. E, como se houvesse imagens cuja real profundidade só é acessível com o uso de óculos especiais, Lula tem tirado de cena todos os possíveis candidatos da base do governo, enquanto nada faz para conter os defensores do terceiro mandato. O maior deles é justamente o deputado Devanir, autor de uma proposta de emenda constitucional para dar a Lula o direito de concorrer novamente à Presidência em 2010. “Nunca tocamos nesse assunto”, diz Devanir. Ele, no entanto, faz a ressalva. “O Lula nunca me desautorizou. Nem me repreendeu.” Se efetivamente não pensasse em terceiro mandato, o presidente teria intimidade para barrar a iniciativa de Devanir. Eles dividiram uma cela no Dops, quando Lula foi preso com base na extinta Lei de Segurança Nacional. Juntos, fundaram o PT. Quando Lula chegou ao poder, ajudou Devanir a se eleger deputado federal. As duas famílias se freqüentam e Lula e Devanir costumam se encontrar nos finais de semana. “Já perdi a conta de quantas vezes estive no Alvorada”, diz o deputado.
“O presidente está agindo com dubiedade”, diz o senador Arthur Virgílio Netto, líder do PSDB. “Ele diz que não quer, mas deixa correr solta a articulação pelo terceiro mandato.” Entre aliados do presidente, esse comportamento tem levado a posturas titubeantes de quem vislumbra o jogo subterrâneo, mas não foi convidado a participar dele. “Isso é casuísmo”, diz, por exemplo, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC). Mas ao mesmo tempo que acha que não se pode “pensar nisso numa democracia madura”, Viana acredita que o debate é “muito precoce”. Ou seja, talvez o terceiro mandato possa vir a ser uma alternativa. O presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), diz que não há “razão para especulação” porque o próprio Lula descartou a proposta. “Democracia é bom demais e a gente não pode brincar com a democracia em países da América Latina”, disse Lula, voltando ao tema pela segunda vez em menos de 72 horas, na véspera de embarcar para Zurique. Marotamente, contudo, Berzoini informa que “não existe assunto proibido” no PT.
REELEIÇÃO EM 2010
Três emendas querem mudar a Carta para permitir 3º mandato
“Estão armando um golpe”, acusa o senador Agripino Maia (RN), líder do DEM. O PSDB também mostrou que está levando a sério o risco do terceiro mandato. Na sexta-feira 26 de outubro, o deputado Bruno Araújo (PE), apresentou um projeto de emenda que serve de contra-ataque: ela limitaria os cargos executivos, de prefeitos ao de presidente, a apenas dois mandatos consecutivos. Essa batalha de emendas e declarações tornou público um debate que há tempos circula nos bastidores do governo. Lula, de fato, está sendo estimulado por um grupo de auxiliares que privam de sua intimidade a desejar (e a trabalhar) o terceiro mandato. De acordo com duas autoridades com acesso às conversas secretas do Planalto, o plano para que Lula permaneça mais tempo no poder é cozinhado em dois caldeirões.
O primeiro é de pura bruxaria política. Sua solução exige mudança da Constituição e vai direto ao ponto – o terceiro mandato consecutivo em 2010. Eis então o projeto de Devanir: apresentar até o final do mês, no máximo depois que o Senado aprovar a CPMF, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dando direito ao presidente da República de convocar plebiscitos. Hoje, só o Congresso pode fazê-lo. Se a proposta vingar, Lula estaria livre para consultar o povo sobre seu direito de concorrer de novo. E essa aprovação, por si só, emparedaria as vozes contrárias no Congresso e no Supremo Tribunal Federal. Além disso, o “sim” ao terceiro mandato funcionaria como uma pré-eleição, minguando as forças da oposição para a disputa oficial em 2010.
OPINIÃO “Terceiro mandato é golpe, a menos que o povo rasgue a Constituição”Marco Aurélio, ministro do STF
CANDIDATOS À SUCESSÃO DE LULA PERDEM FORÇA


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